Transformação de radiografias em joias

Postado em 19/05/2021 | Gestão de resíduos, Nossas soluções, Curiosidades

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Um dos tipos resíduos apresentados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos é o resíduo de serviço de saúde ou resíduo hospitalar, que segundo a Anvisa é gerado em atividades relacionadas com a atenção à saúde humana ou animal, incluindo os serviços de:

• Assistência domiciliar laboratórios analíticos de produtos para saúde;
• Necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação);
• Serviços de medicina legal;
• Drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação;
• Estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;
• Centros de controle de zoonoses;
• Distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;
• Unidades móveis de atendimento à saúde;
• Serviços de acupuntura;
• Serviços de piercing e tatuagem, salões de beleza e estética, dentre outros afins.

Quais são os resíduos de serviço de saúde?

Os resíduos provenientes dos serviços apresentados acima são classificados pela CONAMA ³⁵⁸⁄₂₀₀₅ em 5 grupos, sendo:

GRUPO A: materiais com possível presença de agentes biológicos capazes de causar infecções, como bolsas transfusionais, peças anatômicas, órgãos, tecidos, entre outros.

GRUPO B: resíduos químicos que podem causar risco à saúde e ao meio ambiente, como metais pesados, medicamentos, reagentes e outros.

GRUPO C: rejeitos radioativos, provenientes de, por exemplo, radioterapia.

GRUPO D: são os resíduos que podem ser considerados como resíduos domiciliares, provenientes das áreas administrativas e refeitórios.

GRUPO E: são os resíduos perfurocortantes ou escarificantes, como agulhas, bisturis, espátulas entre outros.

Resíduos do processamento radiográfico

Dentre os resíduos gerados nos serviços de saúde temos os provenientes de diagnósticos por imagem, como raio-X, mamografias, tomografias, ressonância magnética e ultrassonografia. As radiografias possuem metanol, amônia e metais pesados como o cromo e em algumas usadas por dentistas até chumbo.

As radiografias são essencialmente formadas por um plástico chamado de acetato, que como já se sabe demoraria anos para ser decomposto no meio ambiente e poderia ser uma fonte de poluição de microplásticos no oceano. Esta chapa de acetato é revestida com grãos de prata, que apresenta grande risco caso ingerida, pois se acumula no organismo causando problemas renais, motores e neurológicos.

Por isso, se torna importante a destinação adequada destes materiais, que muitas vezes são guardados em casa durante anos até que sejam descartados no lixo comum, sendo potenciais poluidores na natureza.

Qual a destinação correta para radiografias usadas?

As radiografias devem ser enviadas para uma empresa de reciclagem licenciada.

Em média é possível recuperar 0,5g/m2 de prata em negativo de filme preto e branco e nas radiografias até 10 vezes mais. Na recuperação da prata os principais parâmetros considerados são:

• Simplicidade na execução;
• Menor quantidade de reagentes;
• Baixo custo dos reagentes;
• Geração de menor quantidade de resíduos;
• Geração de resíduos menos tóxicos.

Depois de retirada a prata, a parte plástica pode ser reutilizada em trabalhos artísticos de xilogravura ou para embalagens.

Como as radiografias são transformadas em joias?

O processo de recuperação da prata para fabricação de joias deve ser feito por uma empresa licenciada, devido ao processo, os resíduos e efluentes gerados. Ao chegar na empresa destinadora as radiografias passam pelo processo de triagem onde são retirados envelopes, adesivos, grampos e qualquer outro material que esteja junto das radiografias. Depois o processo de recuperação da prata ocorre da seguinte forma:

• As radiografias são colocadas de molho em solução de hidróxido de sódio, também conhecido como soda cáustica, e água por 12-14 horas. Neste processo a prata se solta do acetato e se obtém a película radiográfica “limpa”.

Fonte: Moreira(2018).

• A solução contendo prata é colocada para decantação em bombonas, onde fica por 24 horas.

Fonte: Moreira(2018).

• Depois da decantação se obtém o “barro” de prata, que é levado a uma prensa para a retirada da solução se obtendo a borra de prata.

Fonte: Moreira(2018).

• Por último a borra é levada para fundição onde se obtém a prata com 90% de pureza.

A prata obtida já sai pronta para ser usada em trabalhos de fabricação de joias.

O acetato residual é lavado para retirada do hidróxido de sódio e secado para depois ser utilizado na fabricação de embalagens.

Fonte: Moreira(2018).

Já o efluente gerado no processo passa por uma máquina para a regulação do pH e depois é descartado na rede coletora, seguindo as normas de descarte de efluentes.

A reciclagem de radiografias gera um lucro de R$1.200 a cada quilograma de prata vendida, sendo que 2,5 mil radiografias têm cerca de 450g de prata. Sendo o valor agregado muito maior ao ser vendida a joia.

Se você é um gerador de radiografias não deixe de destinar as radiografias para empresas licenciadas no processo, entre em contato com a Recicla.Club.

Texto escrito por Julia Pimenta - Marketing da Recicla.Club

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